26 agosto, 2009

Ágar-Ágar

O Ágar-Ágar, também conhecido simplesmente como Ágar, é um hidrocolóide extraído de diversos gêneros e espécies de algas marinhas vermelhas que consiste em uma mistura heterogênea de dois polissacarídeos, agarose e agaropectina. Essas substâncias ocorrem como carbohidrato estrutural na parede das células. Tais algas que contém o ágar-ágar são denominadas agarófitas e pertencem à classe Rodophyta . O nome deste polímero provém da palavra malaia agar-agar. Os principais gêneros de algas agarófitas são a Gelidium, Gracilaria, Gigartina, Gelidiela e Pterocladia.



Alga vermelha (Rhodophyta) do gênero Gigartina.

Ele é insolúvel em água fria, mas expande-se consideravelmente e absorve uma quantidade de água de cerca de vinte vezes o seu próprio peso, formando um gel não-absorvível, não-fermentável e com importante característica de ser atóxico. Possui em sua composição principalmente fibras e também sais minerais (P, Fe, K, Cl, I), celulose, anidrogalactose e uma pequena quantidade de proteínas.

Na área da Biomedica é mais utilizado como substrato na preparação de meios de cultura bacteriana em microbiologia.

Uso em microbiologia

O agar é muito usado em meios de cultura sólidos para bactérias e fungos, mas não para vírus. Alguns vírus podem, no entanto, ser cultivados em bactérias que,p
or sua vez, crescem em agar. Menos de 1% de todas as bactérias conhecidas podem ser cultivadas nestes tipos de meios, mas a formulação básica do meio de cultura com agar é adequado para a maioria. Este tipo de meio de cultura é feito adicionando agar (normalmente 1,5% a 2% (p/v)) e componentes de meio de cultura específicos para cada tipo de microrganismo a água destilada. Esta mistura, após esterilizada, é vertida, enquanto líquida, para placas de Petri ou tubos. Por vezes é adicionado um suplemento após a esterilização como, por exemplo, antibióticos (o calor da esterilização destrói determinados suplementos, não permitindo a sua adição anterior).


Após solidificação do meio, este encontra-se apto a albergar o crescimento de microrganismos. Diferentes microrganismos possuem diferentes necessidades nutricionais, por isso o meio de cultura é adaptado para satisfazer essas necessidades. Por exemplo, um tipo de meio é o blood agar (literalmente, agar de sangue), que possui como suplemento sangue de cavalo e é usado para detectar a presença de organismos hemorrágicos, como a Escherichia coli. A detecção é feita através da digestão do sangue, que torna a placa mais clara.


Uso em biologia molecular

A agarose é muito usada em biologia molecular como matriz na eletroforese em gel. Géis de agarose com concentrações tipicamente entre
0,5% e 2,5% (p/v) são usados para separação de moléculas de ácidos nucleicos de diferentes tamanhos. Os géis de agarose são feitos dissolvendo a quantidade desejada de agarose em solução tampão adequada aquecida (normalmente, Tris-borato-EDTA ou Tris-acetato-EDTA), sendo esta despejada em um molde retangular. Enquanto a mistura não solidifca, é inserido um pente específco para que existam pequenos poços no gel. Este processo é possível porque a agarose apresenta histerese, ou seja, solidifica a uma temperatura (32ºC - 40ºC) diferente da temperatura de fusão (85ºC). Após a completa solidificação da agarose, o pente é retirado e as amostras podem ser aplicadas nos poços entretanto formados. Como podemos ver na imagem ao lado.

O gel é colocado em uma tina contendo o mesmo tipo de solução tampão usada no gel e sujeita a uma diferença de potencial que pode chegar até 150 volts. Os ácidos nucleicos migram do pólo negativo (cátodo) para o pólo positivo (ânodo), separando-se segundo o seu tamanho: as moléculas menores encontram menos resistência a passagem através do gel, migrando mais rapidamente em direção ao pólo positivo.

A eletroforese
em gel de agarose é uma das ferramentas mais utilizadas para verificação da qua-lidade (pureza e quantidade) de DNA ou RNA de uma amostra (por exemplo, para verificar a presença de produtos desejados de PCR), assim como para a purificação de ácidos nucleicos. Com isso o DNA de interesse é separado dos demais contaminantes (outras moléculas de DNA de diferentes tamanhos), posteriormente excisado e separado da agarose.

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