19 outubro, 2011

Sais biliares a partir do Colesterol

Os sais biliares são formados, nas células hepáticas a partir do colesterol, e, no processo de secreção dos sais biliares, cerca de um décimo de colesterol também é secretado na bile. Isso equivale a um total de 1 a 2 g por dia. Não se conhece qualquer função específica para o colesterol presente na bile, e supõe-se que ele represente tão-somente um co-produto da formação e secreção dos sais biliares.

O colesterol é quase insolúvel na água pura, porém os sais biliares e a lecitina presentes na bile combinam-se fisicamente com o colestero para formar micelas ultramicroscópicas que são solúveis, como veremos mais detalhadamente no próximo capítulo. Quando a bile é concentrada na vesícula biliar, os sais biliares e a lecitina ficam concentrados juntamente com o colesterol, mantendo este último em solução. Todavia, em condições normais, o colesterol pode precipitar, com a consequente formação de cálculos biliares de colesterol, conforme ilustrado na Fig. abaixo.

As diferentes condições passíveis de produzir a precipitação do colesterol incluem:
(1) absorção excessiva de água da bile
(2) absorção excessiva de sais biliares e lecitina da bile
(3) secreção excessiva de colesterol na bile
(4) inflamação do epitélio da vesícula biliar. As duas últimas condições exigem explicação especial.


A quantidade de colesterol na bile é determinada, em parte, pela quantidade de gordura que a pessoa ingere, uma vez que as células hepáticas sintetizam o colesterol como um dos produtos do metabolismo da gordura no organismo. Por esta razão, as pessoas que adotam dieta rica em gorduras durante muitos anos estão propensas ao desenvolvimento de cálculos biliares.

A inflamação do epitélio vesicular resulta quase sempre de infecção crônica de baixo grau. Essa infecção modifica as características absortivas da mucosa da vesícula biliar, permitindo, algumas vezes, a absorção excessiva de água, de sais biliares e de outras substâncias necessárias para manter o colesterol em solução. Como consequência, o colesterol começa a precipitar, formando, em geral, numerosos cristais pequenos de colesterol sobre a superfície da mucosa inflamada ou sobre pequenas partículas precipitadas de bilirrubina.



Formação de cálculos biliares. (Clique para Ampliar).


Estas, por sua vez, atuam como ninhos para a precipitação adicional de colesterol, de modo que os cristais ficam cada vez maiores, Em certas ocasiões, formam-se números enormes de cálculos semelhantes a areia; todavia, com mais frequência, eles coalescem e formam alguns cálculos biliares volumosos ou até mesmo cálculo único que passa a ocupar toda a vesícula biliar.

Além disso, os íons cálcio, que costumam ser concentrados até cinco ou mais vezes na vesícula biliar, precipitam quase sempre nos cálculos biliares, tornando-os radiopaco, de modo que podem ser visualizados em radiografias do abdome. Terapia clínica para dissolver os cálculo biliares. Em muitos pacientes, os cálculos simples de colesterol podem ser dissolvidos no decorrer de 1 a 2 anos, fornecendo-se ao paciente 1 a 1,5 g de ácido quenodesoxicólico por dia. Trata-se de um dos ácidos biliares secretados naturalmente, e sua administração exógena contribui acentuadamente para a reserva êntero-hepática de ácidos biliares.

Isso provoca a dissolução e a reabsorção dos cálculos biliares da seguinte maneira:

(1)a maior quantidade de ácidos biliares aumenta o volume de bile formada e, por conseguinte, reduz a concentração de colesterol na bile;
(2) o aumento dos ácidos biliares na bile torna o colesterol presente mais solúvel;
(3) a administração exógena de ácidos biliares diminui a formação de ácidos biliares pelo fígado, o que reduz, ao mesmo tempo, a secreção de colesterol.


Fonte: Guyton

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