31 agosto, 2011

Anoplura


Conhecidos vulgarmente como piolhos. Essa ordem apresenta cerca de 532 espécies distribuídas em 15 famílias, das quais apenas duas apresentam espécies que parasitam o homem:

a)Pediculidae, com as espécies Pediculus capitis (Lineu, 1758) (= Pediculus humanus humanus), que é o piolho da cabeça e Pediculus humanus Lineu, 1758 (= Pediculus humanus corporis), que é o piolho do corpo ou "muquirana";

b) Pthiridae, com a espécie Pthirus pubis Lineu, 1758 (= Phthirus pubis), vulgarmente conhecida como "chato".

Esses insetos antigamente pululavam na espécie humana. Depois, com o progresso, higiene individual, troca diária de roupa para dormir, advento de inseticidas eficazes, os Anoplura tornaram-se bastante raros, sendo então mais encontrados nos mendigos e favelados.


Atualmente, existe novo surto do piolho da cabeça, em todo o mundo, atacando grande número de crianças em idade escolar e, as vezes, adultos de todas as classes sociais. Parece que os principais fatores que levaram ao aparecimento dessa epidemia tenham sido os seguintes: resistência do P. capitis aos inseticidas usuais, aumento da população humana e modificação dos hábitos sociais e afetivos, favorecendo o maior contato entre as pessoas (salas de aula cheias, transportes coletivos repletos e beijos faciais para cumprimentos), etcs.

→ Morfologia

São pequenos insetos, sem asas; aparelho bucal picador-sugador. As pernas são fortes e no tarso nota-se uma forte garra que se opõe a um processo na tíbia; esse conjunto (garra e processo tibial) forma uma pinça, com a qual o inseto fica firmemente "abraçado" ao pêlo.

Os ovos são colocados aderidos aos pêlos ou as fibras e são conhecidos por lêndeas. Elas são operculadas, de coloração branco-amarelada, medindo, aproximadamente, 0,8mm/0,3mm.


→ Ciclo Biológico

Ovo-eclosão-ninfa → muda-ninfa → muda-ninfa → muda- adulto.

São, portanto, paurometábolos. Cada fêmea de P. capitis bota cerca de 7-10 ovos diariamente e cerca de 200 ovos durante toda a vida; pode viver até 40 dias; fora do hospedeiro, sobrevive poucas horas e a viabilidade das lêndeas é também afetada.

Já o P. humanus, em toda sua vida (três meses) bota cerca de 1 10 ovos. O ciclo completo passa pelas fases de ovo, ninfa I, II, III e adulto. O período de incubação é de oito a nove dias. A incubação é feita pelo calor do corpo humano: de ninfa I até adulto, o ciclo demora cerca de 15 dias.

→ Transmissão

Os piolhos são transmitidos principalmente por contato. A coabitação em locais apertados, os transportes coletivos abraços e brincadeiras infantis etc. facilitam a transmissão. Os "chatos" são transtimidos por contato sexual.

→ Prevalência

Enquanto P. humanus é mais frequente na população adulta, sobretudo aquela faixa marginalizada da sociedade (prostitutas, mendigos, prisioneiros), P. capitis é mais prevalente em crianças e jovens. A faixa etária predileta, em quase todo o mundo é de 6 a 13 anos, embora em Belo Horizonte o maior pico tenha sido observado entre 1 e 5 anos, seguido de outro pico secundário aos 8 anos.

→ Tratamento

Para o P. humanus, o inseticida de escolha é ainda o DDT a 10% polvilhado nas vestes, sendo eficaz naquelas populações de insetos ainda susceptíveis ao inseticida. O malathion e o lindane podem também ser utilizados como alternativos.

Para P. capitis, há sérias controvérsias sobre o uso de medicamentos no seu controle, porque as drogas utilizadas, sendo quase todas elas tóxicas, terão que ser direcionadas a uma área do corpo altamente vascularizadas que é a cabeça.

Entre os métodos de controle natural poderiam ser citados: Catação manual; Penteação ou escovação frequentes; Ar quente; Raspagens de cabeça; Corte curto dos cabelos; Óleos, cremes, vaselina; Solução salina.


Fonte: Parasitologia Humana - Neves et al.



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