• História - Há 20 anos atrás
Há 20 anos, o cenário da epidemia de Aids no Brasil era outro. Um patógeno desconhecido, carregado de estigmas e preconceitos, infectava mais e mais pessoas, levando-as rapidamente a óbito – segundo dados do Ministério da Saúde, em 1987, cinco anos após a identificação da Aids no Brasil, 2.775 casos da doença já haviam sido registrados no país. Mais: comprometia a qualidade do sangue e hemoderivados utilizados em transfusões e desafiava cientistas, desorientados sobre como trabalhar em segurança com um agente tão perigoso. Apesar de todos os obstáculos, uma equipe multidisciplinar de jovens pesquisadores e estudantes do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), liderada pelo imunologista Bernardo Galvão, realizou pela primeira vez no Brasil e na América Latina o isolamento do vírus HIV tipo 1 (HIV-1), abrindo um novo capítulo na história da epidemia. A Fiocruz assumiu o desafio de enfrentar a Aids em 1983, após a confirmação da doença no Brasil.
No início da década de 1980, o conhecimento internacional sobre a infecção era muito incipiente e os estudos limitavam-se a abordagens epidemiológicas e imunológicas. Quando franceses e norte-americanos isolaram o HIV-1 pela primeira vez no mundo, em 1983 e 1984, informações como a alta variabilidade genética do vírus foram reveladas e incitaram pesquisadores brasileiros a isolar o vírus circulante no país. A conclusão da tarefa era imprescindível à ampliação da pesquisa em Aids no Brasil: devido ao desconhecimento sobre o HIV-1, até o isolamento do vírus os estudos sobre a infecção versavam exclusivamente sobre as alterações imunológicas que a síndrome provoca no organismo humano. A partir de 1987, o acesso de pesquisadores ao vírus isolado permitiu a geração de conhecimentos sobre as cepas circulantes no Brasil, o que deu início a uma série de estudos moleculares, bioquímicos, antigênicos e filogenéticos do patógeno.
O imunologista Bernardo Galvão liderou a equipe de cientistas que isolou o HIV-1 na América Latina. Galvão e sua equipe deram visibilidade à pesquisa em Aids no país e sobretudo à pesquisa básica, o que abriu as portas para a posterior demonstração dos subtipos de HIV-1 circulantes no Brasil e para a formação de lideranças científicas no país”, sintetiza a imunologista Mariza Morgado, atual chefe do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC e especialista em abordagem genética do HIV-1. Mariza aparece em quinto lugar na lista divulgada pelo Institute for Scientific Information (ISI), órgão internacional responsável por avaliar a relevância de periódicos científicos indexados, que destaca os 15 autores de artigos sobre HIV/Aids residentes na América Latina e Caribe mais citados em todo o mundo entre 2001 e 2005.
Fonte: IOC - Instituto Oswaldo Cruz
• Origem do HIV
A tese mais aceita sustenta que o vírus surgiu no continente africano, sendo uma mutação do SIV (Simius Imunodeficience Virus), comum em algumas espécies de macacos e que teria passado para o homem através do hábito cultural observado em determinadas regiões africanas, onde a carne destes animais é consumida sem muita preocupação com a saúde.
• Existem dois tipos de HIV
Denominados HIV-1 e HIV-2. O HIV-1 foi originalmente denominado vírus linfotrópico de células T humanas do tipo 111 (HTLV-III) ou vírus associado à linfadenopatia (LAV), quando de seu isolamento em 1983, a partir de células de linfonodo de paciente com a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) ou com sintomas precoces relacionados a essa síndrome. Em 1985 isolou-se o HIV-2. A homologia genética observada nos genomas provirais dos dois tipos de HIV é de aproximadamente 40-45%, o que determina a codificação e síntese de diversos produtos gênicos semelhantes. Este fato justifica certa taxa de sororreatividade cruzada entre ambos, observada aos testes sorológicos diagnósticos.
Recentemente, têm sido descritas ainda variantes genômicas (subtipos) tanto de HIV- I como de HIV-2, em pacientes infectados procedentes de diferentes regiões geográficas. Classificam-se assim os isolados de HIV-1 em dois grupos M (major) e O (outlier), com variabilidade genética de até 30% no segmento env. No grupo M identificam-se nove subtipos (A, B, C, D, E, F, G, H e I) e no grupo O apenas um. Em relação ao HIV-2 descrevem-se cinco subtipos: A, B, C, D, e E. Embora ainda não conhecida, especula-se a possibilidade de variantes virais possuírem diferentes índices de transmissibilidade ou patogenicidade.
• Mecanismos virais de resistência às drogas anti-HIV
A resistência a drogas anti-retrovirais é mediada por alterações genômicas virais, adquiridas ao longo da infecção, em decorrência de falhas no mecanismo de transcrição reversa do RNA viral para DNA complementar, ou ainda dependendo da ocorrência de recombinações gênicas ou de falhas nos mecanismos de reparação do DNA. Em relação aos compostos pertencentes ao grupo de drogas inibidoras nucleosídicas de transcriptase reversa, reconhecem-se hoje mutações genômicas específicas, que conferem a essas cepas resistência medicamentosa.
• Variabilidade
A variabilidade genômica interpessoal exibida pelo HIV representa um obstáculo importante à obtenção de um imunógeno, capaz de inibir a infecção viral, causada por diferentes variantes virais. A extensão dessa variabilidade pode ser melhor compreendida ao se analisarem os diferentes subtipos de HIV-1, agrupados nos grupos M (major) e O (outlier). Classificam-se os subtipos de HIV- 1, em relação a seqüência do determinante neutralizante principal, epitopo representado por peptídio de 32 a 35 aminoácidos, localizado na alça variável V3 da glicoproteína externa viral (gp120). Esse determinante pode apresentar variação de até 30% entre os diferentes subtipos, o que aponta para real dificuldade no desenvolvimento de imunógenos, que pudessem induzir proteção cruzada entre os diferentes subtipos virais.

Baseia-se nos mecanismos envolvidos na etapa de invasão de células susceptíveis do hospedeiro. Para que as partículas vlrais infectantes penetrem em suas células-alvo, há necessidade de que ocorra interação molecular entre glicoproteínas do envelope viral extemo e receptores, expressos na membrana das céiulas-alvo. Participam desta interação inicialmente a gp 120 (glicoproteína extema do envelope) e a molécula CD4, expressa na superfície da membrana celular. Deste modo poderão se infectar células do organismo que exibam esse marcador de superfície em suas membranas.
Destacam-se entre essas células os linfócitos T auxiliadores (CD3+, CD4+, CD8-), por exibirem grandes concentrações da molécula CD4 em suas membranas. Outras células infectadas são as da linhagem monocítico-macrofágica, incluindo a microglia do sistema nervoso central, as células dendríticas foliculares dos linfonodos e as células de Langerhans da pele. Observa-se ainda adesão do HIV a outras células, entre as quais podemos citar células endoteliais, neurônios, astrócitos e células M das placas de Peyer intestinais.
HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), membro da família de vírus conhecida como Retroviridae (retrovírus), classificado na subfamília dos Lentiviridae (lentivírus). Estes vírus compartilham algumas propriedades comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imune. A infecção humana pelo vírus HIV provoca uma moléstia complexa denominada síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).
• Gestantes Soro Positivo
Com acompanhamento médico, é possível em grande parte evitar a chamada transmissão vertical do HIV, ou seja, de mãe para filho. O feto tem cerca de uma chance em sete de pegar o HIV se a mãe é HIV-positivo.
- Em relação a mamentação
O Ministério da Saúde recomenda a suspensão total do aleitamento e a inibição da produção do leite materno. Isso pode ser feito pressionando os seios, com uma faixa ou um sutiã bem apertado, e com o auxílio de medicamentos, que serão prescritos pelo médico.
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