Acredita-se que 2 a 5% das gestantes apresentam algum grau de deficiência de tiroxina (T4) e isto está associado a atraso de desenvolvimento da criança. Ainda, há evidências que sugerem uma maior incidência de aborto, pré-eclampsia e partos prematuros nestas gestantes. Assim, há uma controvérsia se uma triagem deva ser realizada em todas as gestantes ou somente naquelas com história prévia ou altorisco de doença tireoidiana.
A National Academy of Clinical Biochemistry (NACB) e a American Association for Clinical Endocrinology (AACE) recomendam a triagem universal, isto é, em todas as gestantes, enquanto que a American College of Obstetricians and Gynecoloists (ACOG) e The Endocrine Society (ES) recomendam triagem somente naquelas gestantes que apresentem risco de doença tireoidiana.
Apesar destas discordâncias, algumas recomendações de cuidados na mulher gestante temsido de comum acordo. São elas:
1- Diferençar TSH subnormal detectado na gestação se édecorrente de um processo fisiológico ou hiperemese gravídica, ou doença de Graves;
2- Anticorpo anti receptor do TSH (TRAb) atravessam abarreira placentária e podem interferir na função tireoidiana fetal. Assim, oTRAb deve ser mensurado antes da gestação e no final do segundo trimestre naquelas mulheres que possuem história de doença de Graves;
3- Avaliar função tireoidiana em todas pacientes comhiperemese gravídica;
4- Mulheres com presença de anticorpos antitireo-peroxidase (TPO) devem ser avaliadas, quanto a função tireoidiana, em 3e meses após o parto;
5- Gestantes com diabetes mellitus devem ter o TSH dosados aos 3 e 6 meses após o parto;
6- Mulheres com depressão pós-parto devem ter sua função tireoidiana avaliada.
Ao mesmo tempo em que se discute se todas gestantes ou somente aquelas de risco é que devem ser submetidas à pesquisa de doença tireoidiana, há um consenso em relação aos valores de hormônios tireoidianos durante a gestação, assim como melhor avaliar a função tireoidiana nestas situações. A Endocrine Society sugere o limite superior de TSH como 2,5mUI/L no primeiro trimestre e 3,0mUI/L nos trimestres seguintes. A mesma sociedade, reconhece a dificuldade em utilizar os valores de T4 livre durante a gestação, em decorrência dasmudanças nos níveis de tireoglobulina e albumina.
Neste caso, tem sido sugerido a utilização de T4 total onde os valores de referêrencia seriam de 5 a 12µg/dL no primeiro trimestre e 7,5 a 18 nos segundo e terceirostrimestres.
Escrito por Fabiano Sandrini, Lab. Alvaro.
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