18 setembro, 2009

TCR

Os receptores de células T (TCR), assim como as imunoglobulinas (Ig) ou anticorpos, são receptores antígeno-específicos essenciais para a resposta imune.



Estrutura TCR

A estrutura de um TcR lembra a fração Fab' de uma imunoglobulina, mas está ancorada na membrana e somente em situações muito especiais ela pode ser secretada. O TcR tem duas cadeias, cada uma delas com dois domínios Ig. Um domínio é variável e o outro constante, muito parecido com o que vimos na fração Fab' da Ig. As cadeias podem ser do tipo a e b, formando um par, ou g e d. Este segundo par é muito comum na vida fetal, mas representa menos de 2% do total dos TcR na vida adulta do ser humano. As alças da estrutura dos domínios variáveis que contactam o antígeno. Este antígeno não está livre ou fazendo parte do agente agressor, e sim embutido na estrutura de uma molécula que o apresenta ao linfócito T. chamada MHC. A estrutura do TcR está exemplificada na ao lado.


Estão presentes na superfície externa dos linfócitos T (células T) mas se diferem das imunoglobulinas:

1) Imunoglobulinas são tetrâmeros, formadas por quatro cadeias polipeptídicas (duas cadeias leve e duas cadeias pesadas) e possuem dois sítios de reconhecimento de antígeno. Os TCRs são dímeros e possuem somente um sítio de reconhecimento de antígeno.

2) Imunoglobulinas podem estar ancoradas na superfície dos linfócitos B (células B) ou secretadas nos fluídos corpóreos, principalmente no plasma sangüíneo. Os TCRs existem somente como proteínas ancoradas na superfície externa dos linfócitos T.

3) Imunoglobulinas reconhecem antígenos solúveis e antígenos na sua forma nativa. Os TCRs só reconhecem antígenos que tenham sido previamente processados em peptídeos, os quais têm que estar ligados a moléculas de MHC (complexo principal de histocompatibilidade), na superfície das células apresentadoras de antígenos, ou APCs (macrófagos, monócitos, linfócitos B e células dendríticas). Este fenômeno é chamado de restrição-MHC.

Imagem demonstrando TCR recebendo ajuda das proteinas CD4 e CD8,
para captar o Ag do MHC-II


A educação de células T, tornando-as aptas ao reconhecimento de moléculas MHC do próprio corpo (MHC próprio) ocorre no timo.


O receptor TCR convencional, ou TCR alfa/beta é expresso pela maioria dos linfócitos T e consiste de duas cadeias polipeptídicas glicosiladas (alfa e beta) mantidas juntas por ligações dissulfeto. O TCR alfa/beta é por sua vez associado fisicamente (mas não por ligação covalente) a uma proteína chamada CD3, formando o complexo funcional TCR-CD3 na superfície dos linfócitos T.

O TCR alfa/beta deve discriminar os diferentes peptídeos não-próprios apresendados pelas moléculas de MHC na superfície das APCs. O TCR alfa/beta participa na interação peptídeo-MHC e o CD3 na transdução de sinais no interior dos linfócitos T.

Os linfócitos T alfa/beta representam 90-99% dos linfócitos T periféricos maduros no homem e, incluem duas populações de linfócitos; os T CD4+ (T auxiliadores) e os T CD8+ (T supressores/citotóxicos).

Tais células T alfa/beta estão implicadas no reconhecimento de antígenos exógenos como peptídeos de microrganismos ligados a MHC de classe II e são, em sua maioria, T CD4+ auxiliadores. As células T alfa/beta CD8+ (aproximadamente 30% das células T alfa/beta) reconhecem peptídeos gerados por processamento endógeno e ligados a moléculas de MHC de classe I. São os chamados linfócitos T citotóxicos e responsáveis pela destruição de células infectadas e células cancerosas.

CD4 e CD8 são moléculas que interagem com a região não polimórfica de MHC de classe II e de classe I, respectivamente. As células T gama/delta representam 1-10% dos linfócitos T periféricos maduros humanos, expressam a proteína CD3, mas não CD4 ou CD8.

Um segundo tipo de TCR, chamado de TCR gama/delta, é composto pelas respectivas cadeias polipeptídicas gama e delta, também associadas a CD3, todas na superfície externa de linfócitos T. As células T gama/delta CD4- CD8- reconhecem antígenos de maneira independente de MHC de classe I ou de classe II. Tais células estão envolvidas no reconhecimento de proteínas induzidas por estresse por choque térmico (oriundas de bactérias ou de células autólogas) e também antígenos de micobactérias.

A função dos linfócitos T gama/delta é eliminar as células do corpo que estão sob estresse, por exemplo, as células infectadas ou aquelas que estão no processo de transformação tumoral.



Fonte: 1) Lefranc MP & Lefranc G (2001) The T Cell Receptor Facts Book (Academic Press) e 2) Immunogenetics Data Base IMGT 1 Laboratórios que pesquisam os receptores TCR no Brasil: Grupo de Imunogenética Molecular na Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto (http://rge.fmrp.usp.br/imunogenetica)



2 comentários:

Anônimo disse...

A parte "CD4 e CD8 são moléculas que interagem com a região não polimórfica de MHC de classe I e de classe II, respectivamente." está incorreta é exatamente o contrário!

Biomedicina disse...

realmente tava invertido as classes ;]

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