Mecanismo da Inflamação
A inflamação é uma reação do tecido vivo vascularizado a uma injuria local, ou seja, é o mecanismo de defesa (resposta protetora normal) do organismo contra uma lesão tecidual causada por agentes físicos (trauma mecânico, radiação, calor, frio), químicos (substâncias irritantes, álcalis e outros) ou biológicos, provocada por microorganismos tais como fungos, bactérias, vírus ou protozoários. No processo de inflamação, células imunologicamente competentes são acionadas e agem no sentido de inativar ou destruir microrganismos invasores, remover substâncias irritantes e proteínas antígenas, além de iniciar a reparação tecidual. Esse processo possui quatro sinais característicos, descritos há mais de 2000 anos por CELSUS: rubor, calor, tumor e dor. Quando o processo reparatório se completa, naturalmente o processo inflamatório e seus sinais desaparecem (Zanini & Oga,1994).
Muito embora este mecanismo de defesa seja geralmente benéfico, efeitos maléficos indesejáveis são comuns. Estes são ocasionados por uma resposta excessiva que pode causar lesão tecidual progressiva, como por exemplo, no caso das artrites, onde o processo inflamatório leva à destruição do osso e da cartilagem, comprometendo a função articular. Em tais casos, fármacos antiinflamatórios ou imunossupressivos podem ser necessários para modular o processo antiinflamatório.
O Processo Inflamatório
Caracteriza-se pela sua complexidade e dinamismo, sendo multimediado com a participação de eventos celulares e humorais interdependentes, podendo manifestar-se de forma diversa tanto no tocante à duração quanto na intensidade da resposta inflamatória, que por sua vez depende do tipo de injúria ou estímulo nocivo. Basicamente, a reação inflamatória aguda caracteriza-se por dilatação arteriolar, aumento de permeabilidade vascular, acúmulo de leucócitos e dor. Os leucócitos são atraídos ao local da lesão por mediadores inflamatórios com atividade quimiotática ( Atividade de ação atrativa ou repulsiva demonstrada por certas células vivas em relação a outras células ou substâncias que exercem uma influência química), denominados mediadores químicos.
Mediadores Químicos Específicos
Os mediadores químicos específicos variam de acordo com o tipo de processo inflamatório. Eles podem ser aminas, como a histamina e a 5-hidroxitriptamina; lipídios, como as prostaglandinas; pequenos peptídeos, como a bradicinina, e peptídeos maiores, como a interleucina-1. A descoberta dessa ampla variedade de mediadores químicos veio esclarecer um aparente paradoxo, onde um fármaco antiinflamatório ao interferir na ação de um mediador particularmente importante em um tipo de inflamação, não afeta processos inflamatórios independentes do mediador-alvo desse fármaco.
A Inflamação
É desencadeada pela liberação dos mediadores químicos originados nos tecidos lesados e nas células migratórias, que provocam distúrbios na membrana celular ocasionando a ativação da fosfolipase A2 e liberação de ácido araquidônico e seus metabólitos, PAF-acéter (fator ativador de plaquetas) e enzimas lisossômicas. Essas enzimas têm potente atividade citotóxica e destroem células vizinhas, liberando assim novas enzimas. O metabolismo do ácido araquidônico dá origem a inúmeras substâncias biologicamente ativas como prostaglandinas (PGs), tromboxanas (TXs), ácido hidroxieicosatetraenóicos (HETEs) e hidroperoxieicosatetraenóicos (HPETEs), leucotrienos (LTs), lipoxinas (LXs) e ácidos epoxieicosatetraenóicos (EETs), que tem importante papel na fisiopatologia da inflamação.
A Resposta Inflamatória Sistêmica
Todo trauma, grande cirurgia ou queimadura, choque prolongado ou hipotermia induz uma resposta inflamatória com graus variados de severidade, cuja etiologia não está necessariamente ligada à infecção. Esta inflamação é em geral de difícil identificação, pelo fato de não haver um consenso nas definições dos sintomas observados. Com o intuito de compreender melhor o que se entende por inflamação, o American College of Chest Physicians desenvolveu uma série de definições de maneira que o quadro da reação inflamatória poderia ser identificado mais facilmente em seus múltiplos aspectos (3,4).
Infecção: Fenômeno microbiológico caracterizado por uma resposta inflamatória à presença de
Bacteremia: A presença de bactérias viáveis no sangue.
SIRS: A resposta inflamatória sistêmica a uma variedade de agressões clínicas severas que se manifesta por duas ou mais destas condições:
1. temperatura corporal > 38°C ou <>
2. freqüência cardíaca >90 batidas por minuto;
3. freqüência respiratória > 20 inspirações por minuto ou PaCO2 <32mmhg;
4. contagem de glóbulos brancos >12000/cumm, <4000/cumm>10% das formas imaturas.
A Ação Antiinflamatória de Muitos Fármacos
Acontece pela inibição da síntese das PGs, que são ácidos graxos insaturados contendo 20 átomos de carbono e uma estrutura cíclica incorporada (Estes compostos são também denominados eicosanóides; o prefixo “eicosa” refere-se aos 20 átomos de carbono), e o entendimento da biossíntese desta substância é fundamental para a compreensão da ação desses fármacos antiinflamatórios. As PGs e os compostos correlatos são produzidos em quantidades ínfimas em potencialmente todos os tecidos. Em geral agem diretamente nos tecidos onde são sintetizados, sendo rapidamente metabolizados a produtos inativos em seus sítios de ação. Assim, as PGs não circulam no sangue em concentrações significativas. As PGs são sintetizadas a partir de um precursor primário, o ácido araquidônico. Este ácido é liberado dos fosfolipídeos das membranas celulares pela ação da fosfolipase A2, através de um processo controlado por hormônios e outros estímulos.
2 comentários:
muito útil!!!! Aproveitei bastante!obrigada!!!
;a
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